segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Caçadas de Pedrinho,de Monteiro Lobato, sob suspeita



Acreditar piamente na mídia é um problema sério. O Jornal "A Folha de São Paulo" divulgou a seguinte nota sobre uma denuncia oferecida á Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da(SEPPIR/PR): (sublinho as falácias)


As aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo poderão ser banidas das salas de aula. O Conselho Nacional de Educação (CNE) quer proibir nas escolas públicas do País o livro ‘Caçadas de Pedrinho’, um clássico da literatura infantil escrito por Monteiro Lobato. Os 12 conselheiros do órgão acataram por unanimidade denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que considerou a obra racista. Conforme parecer do Conselho, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e referências a animais, como urubu e macaco.


Publicado em 1933, o livro narra as peripécias de Pedrinho à procura de uma onça pintada. Em um dos trechos da obra que motivou a denúncia o escritor diz: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. De acordo com a autora do parecer, Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os exemplares devem ser retirados das escolas ou adotados desde que a obra traga nota sobre os “estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura”.


Frases do livro


“Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos..”
Fala da personagem Emília num trecho do livro

“Tia Nastácia (...) trepou, que nem uma macaca de carvão, pelo mastro de São Pedro acima (...) parecia nunca ter feito outra coisa na vida”
Trecho do capítulo ‘O assalto das onças’

“A boneca fez um muxoxo de pouco-caso. Depois, voltando-se para Tia Nastácia: — E você, pretura?”
Trecho do mesmo capítulo

“Tenha paciência — dizia a boa criatura. —Agora chegou a minha vez. Negro também é gente, Sinhá...”
Tia Nastácia no último capítulo do livro

Reportagem de Diego Barreto e Maria Luisa Barros

De acordo com a professora Nilma Lino Gomes, relatora do Parecer ainda não homologado, " O CNE analisou a questão e apresentou três recomendações que foram aprovadas pela Câmara da Educação Básica: 1) que sejam seguidos os critérios do PNBE em relação a não seleção de obras com estereótipos raciais, doutrinações, etc; 2) que caso sejam selecionadas obras clássicas  - pois todos reconhecem o valor literário dos clássicos - como é o caso do livro Caçadas de Pedrinho e que tenham tal teor elas deverão inserir na contextualização da obra uma nota explicativa sobre os estereótipos raciais nelas presentes (este é o caso do livro Caçadas de Pedrinho) Essa advertência baseia-se nas análises críticas já realizadas sobre os estereótipos raciais na obra do autor; 3) que a formação de professores inclua a discussão crítica sobre essa temática. A Folha de São Paulo foi o primeiro jornal a deturpar o parecer do CNE, seguida do Estado de Minas, O Globo e outros mais. Eles espalharam a falácia de que o CNE quer "vetar" o livro. E agora a notícia está se espalhando".


A mídia distorce tudo, portanto o CNE divulgou uma resposta á matéria feita pela "Folha de São Paulo ". Acesse o link e acompanhe.  (http://portal.mec.gov.br/cne) 


Será que é exagero do CNE querer observar se o livro contém expressões de racismo? Será que todos os professores têm como mediar a leitura da obra, tornado compreensível o contexto sócio-histórico da época e o da atualidade?

2 comentários:

  1. Mas no fim deu tudo certo, né?
    Abraço!
    Taninha

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  2. Mas, não chegou no fim ainda, o parecer do CNE está sendo contestado. A luta continua!

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